No 5º episódio de RuPaul’s Drag Race Brasil, as 9 queens que ainda seguem na disputa pelo prêmio de R$ 150 mil mostraram seus dotes de confeiteiras, gravaram campanhas publicitárias e desfilaram looks Glamazônicos inspirados na fauna e flora brasileiras. Mesmo com a participação especial do comediante Esse Menino na bancada de jurades, o resultado geral decepcionou, mas menos por causa das participantes e mais pelo formato.

Confira abaixo o que achamos.

ATENÇÃO: SPOILERS ADIANTE!

Após as boas surpresas do último episódio, que teve as habilidades de criação e costura das participantes como foco, a versão brasileira de RPDR voltou a repetir uma de suas principais gafes, já sentida no início desta temporada de estreia: uma edição fraca e confusa durante o desafio principal.

No maxi-challenge desta semana, as queens foram encarregadas de gravar pequenas campanhas publicitárias inspiradas em palavras disponibilizadas pela produção, como Empoderamento, Amor e Inclusão.

A ideia é familiar e já apareceu em outras edições da franquia através de desafios que exigiram improviso e jogo de cintura das participantes, ou até mesmo a criação um roteiro próprio para algum “comercial”. O resultado, geralmente, é cômico. Por aqui, entretanto, a direção parece ter seguido outro caminho.

Esse caminho, aliás, deixou a desejar quanto à sua intenção. Motivacional?! Bem humorado?! Instigador de traumas?! Ficou difícil discernir. Por mais que Grag Queen (mais uma vez ótima) tenha tentado orientar suas filhas, o resultado final do quadro teve um tom irregular. E, se ele já estava confuso durante a preparação, ficou ainda pior quando exibido, graças à edição recheada de cortes desnecessários e fora de ritmo.

Mesmo com esse percalço, Shannon Skarllet – que desponta como uma das queridinhas do confessionário por sua espontaneidade – parece ter feito um milagre com o que teve em mãos e foi facilmente a queen que mais se destacou dentre o elenco de adversárias. Seu breve manifesto sobre a falta de inclusão das pessoas negras na sociedade comoveu os jurades e os espectadores, garantindo-lhe o broche da semana.

Miranda Lebrão também chamou a atenção positivamente, por dois motivos: demonstrar, mais uma vez, talento suficiente para se posicionar de forma imponente diante das câmeras; e por exibir um look completamente fora-da-caixinha na passarela.

Sob o tema Glamazônia”, as queens tiveram a Floresta Amazônica como ponto de partida para exibir looks inspirados no verde e amarelo das nossas fauna e flora. E elas entregaram de tudo: alusão ao pulmão do mundo, guaranás, críticas ao desmatamento, onça pintada… O maior de todos os choques, entretanto, ficou para o final, com a chegada de Lebrão: em um vestido preto e branco, a drag carioca homenageou a união das águas dos rios Solimões e Negro, em Manaus, com direito até a uma cuspida no palco.

Um look inteligente, bonito e bem apresentado, e que seria muito mais digno de dividir a vitória, diferentemente do que aconteceu na semana anterior com Hellena Malditta e Naza.

Apesar dos tropeços e da edição amadora, o episódio teve sim seus bons momentos, como a ode às roscas de Betina Polaroid no mini-challenge, “Grag Cake”; a conversa no werkroom sobre fãs e haters; e, especialmente, a participação de Esse Menino na bancada de jurades. Fã confesso da franquia, ele talvez tenha sido o melhor convidado até aqui, por entender exatamente a linguagem do programa, das queens que estavam à sua frente e o que fazer com isso.

Aquaria e Dallas de Vil, que decepcionaram tanto no desafio principal quanto na passarela, formaram o bottom do episódio e se enfrentaram ao som de “Vermelho”, sucesso da Glória Groove. Foi uma performance “ok”, com as duas repetindo passos já vistos em dublagens anteriores – a diferença, e que garantiu a De Vil mais uma semana na competição, foi a primeira troca de perucas num lipsync da temporada.

Torcemos para que daqui em diante tenhamos não só performances mais memoráveis, como também uma lista mais plural de músicas. Cadê os clássicos da MPB?! Cadê nossas divas de infância, como Xuxa e Eliana?! Cadê o bate cabelo do Calypso?! O Brasil tem muito mais a oferecer e apresentar que apenas seu som contemporâneo mainstream.

Na próxima semana, é a vez do desafio mais aguardado da temporada: o primeiro “Snatch Game” brasileiro. A lista de personalidades nacionais a serem incorporadas é grande e as expectativas ainda maiores. Aguardamos ansiosos! Axé!

RuPaul’s Drag Race Brasil está disponível para streaming no catálogo do Paramount+. No restante da América Latina, a exibição está por conta da WoW Presents Plus. Na televisão, a transmissão está por conta da MTV Brasil, todas as quartas-feiras, às 21h.