O presidente Jair Bolsonaro continua preocupado com a sua imagem de homofóbico em outros países. Durante um encontro com jornalista na manhã desta quinta (25), ele afirmou que começou a “tomar pancada do mundo todo” desde 2009, quando começou a atacar o suposto kit gay: “Eu comecei a assumir essa pauta conservadora. Essa imagem de homofóbico ficou lá fora. O Brasil não pode ser um país do mundo gay, de turismo gay. Temos famílias”, disse.

A declaração veio quando o presidente comentou a decisão do Museu Americano de História Natural de Nova York ter se recusado a sediar um evento em sua homenagem: “Eu recebo (a homenagem) na praia, numa praça pública. Não é o museu que está me homenageando. O que houve foi pressão do governo local, que é Democrata, e eu sou aliado do Donald Trump“.

Durante sua visita a Washington, este ano, Bolsonaro reafirmou que ele e Trump tinham alinhado interesses em defender um único tipo de família: “O Brasil e os EUA estão lado a lado em seus esforços para garantir a liberdade em respeito aos valores da família tradicional, ao nosso criador Deus, contra a ideologia de gênero ou as atitudes politicamente corretas e contra as fake news”, declarou.

Ainda durante sua campanha, Bolsonaro também havia assinado um termo de compromisso com representantes da Igreja Católica, onde comprometeu-se em defender “o verdadeiro Matrimônio, união entre homem e mulher“; “a Família, constituída de acordo com o ensinamento da Igreja, e o seu direito de educar os filhos”; e “o combate à ideologia de gênero”.

Turismo LGBT no Brasil

Organização Mundial de Turismo (OMT) afirmou, em 2018, que turistas LGBT+ representam 10% de todos os viajantes do mundo e são responsáveis por 15% de todo o faturamento do setor. Apenas no Brasil, esse segmento tem potencial de consumo avaliado em cerca de R$ 418,9 bilhões, cerca de 10% do PIB, de acordo com um estudo divulgado Out Leadership, que avalia iniciativas para esse público.

Ainda segundo dados divulgados pelo Fórum de Turismo LGBT, em 2017 esse segmento apresentou crescimento de 11%, contra 3,5% do turismo de forma geral. No mesmo ano, a Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, considerado o maior evento do gênero no mundo, arrecadou R$ 2,4 milhões apenas no setor hoteleiro, como observou o próprio Ministério do Turismo.

No ano passado, o Brasil caiu 13 posições no ranking da Spartacus que avalia os melhores e mais seguros destinos para pessoas LGBT em todo o mundo, amargando o 68ª lugar, seu pior desempenho em mais de uma década.

Criada com base em dados da Human Rights Watch e em estatísticas da ONU e da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, a empresa citou a eleição de Jair Bolsonaro e suas falas discriminatórias contra LGBTs como um dos agravantes para a queda do país na lista.